Desabamento do Porto de Manacapurú: Reflexo da Falta de Planejamento e Gestão na Amazônia.

     O recente desabamento do porto público de Manacapurú, no Amazonas, chocou o país e ganhou destaque nas mídias nacionais e redes sociais. Este incidente trágico trouxe à tona questões recorrentes sobre a execução de obras públicas na Amazônia, evidenciando a precariedade estrutural e a falta de planejamento adequado.

     Como Presidente da Fenavega - Federação Nacional das Empresas de Navegação, tenho criticado essas obras desde o seu início, com foco específico nos chamados portos IP4 (Portos Públicos de Pequeno Porte), que têm sido implantados pela União em diversos pontos da Amazônia. Desde o lançamento desses projetos, alertamos sobre a escolha equivocada dos locais, a deficiência no projeto estrutural e a falta de manutenção adequada.

     Hoje, 8 de outubro de 2024, a realidade é alarmante: a maioria desses portos, que deveriam impulsionar o desenvolvimento das comunidades ribeirinhas e o comércio fluvial, não está operando. Em grande parte, isso se deve à falta de condições mínimas de segurança e à ausência de uma gestão eficiente por parte do poder público federal. Essas obras, apesar de necessárias, têm falhado em cumprir seu objetivo principal, transformando-se em símbolos de desperdício de recursos e descaso.

     O desabamento de Manacapurú deveria ser tratado como um marco para repensar a gestão dessas obras pela União. A Amazônia, uma região com desafios logísticos e ambientais únicos, não pode continuar sendo tratada com projetos genéricos e inadequados. É preciso que se faça um planejamento mais criterioso e que as futuras obras de infraestrutura sejam desenhadas levando em consideração as reais necessidades e particularidades da região.

     Este desastre não pode ser esquecido. É fundamental que o governo federal, responsável por essas obras, aprenda com esses erros e assegure que, no futuro, projetos dessa magnitude sejam mais bem planejados e geridos, para que a Amazônia receba o respeito e a atenção que merece. Afinal, o desenvolvimento da região não pode mais ser sinônimo de insegurança e negligência.

Raimundo Holanda C. Filho - Presidente da Fenavega

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