O desempenho comercial da China apresentou uma desaceleração preocupante em novembro de 2024. As exportações, que cresceram 6,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior, ficaram bem abaixo do crescimento de 12,7% registrado em outubro e também das previsões de 8,5%. Esse enfraquecimento evidencia os desafios enfrentados pela segunda maior economia do mundo, que já lida com pressões internas e externas. Ainda mais alarmante foi a queda inesperada nas importações, que recuaram 3,9% — seu pior resultado em nove meses — contrariando as expectativas de um crescimento modesto de 0,3%.
Esses dados refletem um ambiente econômico global enfraquecido e uma economia doméstica que luta para se recuperar plenamente. Analistas afirmam que o desempenho irregular de novembro, combinado com a fragilidade de outros indicadores econômicos, sugere a necessidade de medidas mais agressivas de estímulo por parte de Pequim. As importações fracas reforçam os pedidos de apoio à demanda doméstica, que parece insuficiente para impulsionar um crescimento sustentável. O governo chinês prometeu políticas fiscais e monetárias mais expansionistas em 2025, mas os desafios são numerosos.
Um dos maiores riscos para a economia chinesa vem do cenário comercial externo. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou planos de impor uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, em uma tentativa de pressionar Pequim a tomar medidas contra o tráfico de substâncias químicas usadas na fabricação de fentanil. Essa decisão reacende as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, especialmente porque Trump, em declarações anteriores, havia sugerido tarifas ainda mais elevadas, de até 60%. Esses anúncios geraram incertezas e colocaram ainda mais pressão sobre o setor industrial da China, que depende fortemente do mercado americano.
As tarifas iminentes fizeram com que muitos exportadores chineses antecipassem suas remessas para os Estados Unidos, buscando minimizar os impactos futuros. Em outubro, observou-se um aumento nas transferências de estoques para os armazéns americanos, mas a desaceleração global pode dificultar novos pedidos. O superávit comercial da China, que atingiu 97,44 bilhões de dólares em novembro, oferece alguma margem de manobra, mas não é suficiente para compensar os ventos contrários provenientes das disputas comerciais e da economia global enfraquecida.
Diante dessa conjuntura, Pequim terá que equilibrar uma série de prioridades: adotar políticas domésticas que estimulem o consumo interno, negociar uma relação menos hostil com os Estados Unidos e diversificar seus mercados de exportação para reduzir a dependência dos americanos. Contudo, o impacto das novas tarifas de Trump e a demanda global incerta podem prolongar os desafios. As próximas semanas serão cruciais para avaliar a eficácia das medidas anunciadas e as respostas da economia chinesa a essa tempestade perfeita.