07 Nov
07Nov

     A crise climática está afetando de forma crítica o Canal do Panamá, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, causando impactos severos no cotidiano do país. A seca prolongada na região resultou na diminuição dos níveis de água do Lago Gatun, fundamental para o funcionamento do canal. Para evitar o esgotamento dos recursos hídricos, as autoridades foram obrigadas a limitar o número e o tamanho dos navios que atravessam a rota, o que gerou filas de embarcações esperando para fazer a travessia.


     O Canal do Panamá é a espinha dorsal da economia panamenha, gerando cerca de US$ 4 bilhões em receitas anuais e sendo essencial para o comércio global. No entanto, secas recorrentes ameaçam essa operação, e a crise climática intensifica essa vulnerabilidade. Para enfrentar o problema, o governo panamenho vem adotando medidas de preservação e controle de recursos hídricos, como a expansão da bacia hidrográfica e a proposta de construção de uma represa no rio Indio. Essas iniciativas visam assegurar a continuidade do funcionamento do canal, mas enfrentam resistência de comunidades locais e ambientalistas.


     O ministro do Meio Ambiente, Juan Carlos Navarro, destaca o compromisso do Panamá com o desenvolvimento sustentável e a proteção de recursos naturais. Apesar de o país ser considerado um “carbono negativo”, ou seja, que absorve mais carbono do que emite, ainda assim enfrenta consequências graves das mudanças climáticas. Navarro defende que o Panamá precisa equilibrar o crescimento econômico com a conservação ambiental, uma tarefa desafiadora, especialmente em um cenário global onde as mudanças climáticas ameaçam aumentar eventos climáticos extremos, como secas e tempestades intensas.


     A escassez de água é um problema que afeta não só o canal, mas também as comunidades locais, que dependem desses recursos para a agricultura e o abastecimento. Navarro salienta que a prioridade do governo é garantir a disponibilidade de água para todas as comunidades, ao mesmo tempo em que desenvolve a agricultura sustentável e promove práticas que maximizem o uso eficiente da terra e dos recursos hídricos.


     Além dos desafios climáticos, o Panamá também enfrenta uma crise humanitária na região do Darién Gap, onde o fluxo de migrantes tem aumentado a degradação ambiental, afetando uma das áreas de floresta tropical mais ricas da América Central. Navarro reforça a necessidade de uma cooperação regional para enfrentar essa questão, envolvendo países como EUA, Colômbia e Venezuela.


     Apesar dos avanços nas políticas de proteção ambiental, o ministro alerta que o Panamá não está imune à exploração de recursos fósseis. Contudo, ele enfatiza que a prioridade do país é a transição para energias limpas, buscando alinhar o desenvolvimento econômico com um futuro mais sustentável e resiliente frente aos desafios da crise climática.

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