14 Apr
14Apr

As tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos estão provocando um abalo generalizado na economia mundial, atingindo em cheio setores estratégicos como o petróleo e o agronegócio. Nesta segunda-feira (14), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) revisou para baixo sua previsão de crescimento da demanda global para 2025, citando explicitamente os efeitos das novas tarifas e o enfraquecimento do comércio internacional como fatores decisivos. A nova estimativa é de um crescimento de 1,30 milhão de barris por dia — 150 mil a menos do que o previsto no mês anterior.

O impacto, no entanto, não se limita ao setor energético. A Opep também reduziu suas expectativas para o crescimento da economia global neste e no próximo ano, sinalizando que a instabilidade provocada pelas medidas protecionistas dos EUA está afetando a confiança de investidores, consumidores e produtores. As guerras comerciais — em especial a retomada da disputa entre EUA e China — estão tornando os mercados mais voláteis, reduzindo a previsibilidade e encarecendo as transações internacionais.

No campo, o reflexo é igualmente dramático. Produtores de soja nos EUA, por exemplo, já pressionam o governo a suspender as tarifas contra a China, temendo um colapso em série de propriedades agrícolas diante da perda de seu maior cliente internacional. A China, por sua vez, tem redirecionado suas importações para o Brasil e outros países, em um movimento que pode redesenhar o mapa global do agronegócio. O efeito imediato é uma instabilidade nas cotações e uma ruptura em cadeias produtivas consolidadas há décadas.

A insegurança gerada pelas tarifas também atinge setores como transporte marítimo, mineração, siderurgia, tecnologia e manufatura. As cadeias logísticas globais, que dependem de previsibilidade e custos estáveis, estão sendo forçadas a se adaptar a um novo cenário de incertezas. Empresas adiam investimentos, governos revêm projeções e mercados financeiros oscilam diante de um protecionismo que ameaça frear a recuperação econômica pós-pandemia.

Além dos prejuízos econômicos diretos, há um custo político e estratégico: o enfraquecimento da cooperação multilateral. Ao priorizar medidas unilaterais e retaliatórias, os EUA incentivam outros países a adotar práticas semelhantes, criando um efeito dominó que pode culminar em uma retração global prolongada. Mesmo setores considerados resilientes, como o de energia, estão revisando suas estratégias e alertando para os riscos de um crescimento sustentado baseado no confronto, e não na integração.

Em resumo, as tarifas comerciais deixaram de ser uma ferramenta de proteção econômica e se tornaram um catalisador de instabilidade global. Do petróleo à soja, da indústria ao comércio varejista, poucos escapam dos efeitos colaterais dessa política. O mundo, cada vez mais interdependente, mostra que quando um elo quebra, toda a corrente sente o impacto — e a reconstrução exige diálogo, equilíbrio e visão de longo prazo.

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