O "Boi China" representa um marco na pecuária brasileira, estabelecendo padrões rigorosos para atender às exigências do mercado chinês. Esses animais devem ser abatidos antes de completar 30 meses de idade, com no máximo quatro dentes incisivos permanentes, além de atender a critérios sanitários e de rastreabilidade específicos. Tais requisitos visam garantir uma carne de alta qualidade, macia e segura para o consumidor.
A busca por esse padrão elevou a qualidade da carne brasileira no mercado internacional, consolidando o país como um dos principais exportadores globais. No entanto, a carne destinada ao mercado doméstico nem sempre segue os mesmos padrões de excelência exigidos pelo mercado externo. Essa discrepância levanta questionamentos sobre a equidade na distribuição de produtos de qualidade. Por que os consumidores brasileiros não têm acesso à mesma carne de alta qualidade exportada? Afinal, são eles que sustentam a maior parte do consumo nacional.
É imperativo que o Brasil exporte o melhor de sua produção, mas isso não deve ocorrer em detrimento do mercado interno. A adoção de tecnologias e práticas de manejo que atendem ao padrão "Boi China" também pode beneficiar o mercado doméstico. Produzir animais jovens, bem nutridos e saudáveis não só atende às exigências internacionais, mas também eleva a qualidade da carne disponível para os brasileiros. Além disso, práticas sustentáveis e de bem-estar animal, implementadas para atender ao mercado externo, poderiam ser ampliadas para toda a produção nacional.
É crucial que o setor pecuário brasileiro reconheça a importância de oferecer ao consumidor interno produtos de qualidade equivalente aos exportados. Isso não apenas valoriza o mercado doméstico, mas também fortalece a imagem da carne brasileira como um todo. Ao garantir que os padrões de excelência sejam aplicados universalmente, o Brasil demonstra respeito por seus consumidores e reforça seu compromisso com a qualidade.
Em suma, enquanto o "Boi China" impulsiona a pecuária nacional a novos patamares, é fundamental que os benefícios dessa evolução sejam compartilhados com o mercado interno. Afinal, os consumidores brasileiros merecem desfrutar da mesma qualidade que torna nossa carne apreciada mundialmente. Equilibrar as demandas internacionais com a oferta doméstica é um passo essencial para uma pecuária mais justa e sustentável.